Ministério Público entrou com representação por declarações racistas e discriminatórias
Gustavo Zanelli Ferreira quer separar o Norte e o Nordeste do resto do País
Reprodução/Facebook
O advogado sugere a separação das regiões do restante do País e completa dizendo que se houvesse essa possibilidade, o Brasil seria um lugar de primeiro mundo. Os promotores consideraram as declarações racistas e discriminatórias. Após a repercussão das postagens, o advogado excluiu o perfil na rede social.
No documento encaminhado à seção maranhense da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), a procuradora-geral de Justiça, Regina Lúcia de Almeida Rocha, disse que Ferreira "violou seus devers éticos e disciplinares, ofendendo a toda a coletividade da localidade em que atua, e perpetrando, em tese, infração penal a merecer a devida apuração e responsabilização".
Já a denúncia-crime protocolada no MPF (Ministério Público Federal) informa que o advogado, "por meio de seu perfil social no 'facebook', fez violentas críticas, de caráter eminentemente raciais e discriminatórias, contra a cultura e população nordestina e maranhense, fazendo apreciações depreciativas e ofensas a estes".
Entenda o caso
Os comentários do advogado paranaense vêm causando revolta nas redes sociais desde a noite de quarta-feira (11). Em postagem publicada no dia 9 de setembro, Gustavo Zanelli diz que "não adianta querer misturar as culturas norte/nordeste X sul/ sudeste. É por isso que há tão poucos sulistas no nordeste (nós não aguentamos isso aqui)".
Em outra mensagem, publicado na quarta-feira, o advogado sugere a separação das regiões Norte e Nordeste do resto do país, declarando que "seria o primeiro a iniciar uma guerra para a devida separação", e completa: "se houvesse essa possibilidade nós aí do Brasil seríamos um país de primeiro mundo".
Um terceiro comentário, feito no dia 7 de setembro, ironiza as condições climáticas de São Luís. "Acabo de chegar em terras maranhenses! O calor aproxima os 90 graus". Quando uma pessoa comenta "GU VC TA MORANDO NO MARANHÃO MESMO !!!!!!!!!!", Gustavo vai além. "Até dezembro ficarei aqui (...) Não sei se suportarei até dezembro o calor, a grosseria dos nordestinos e essa comida horrivel, mas o objetivo inicial é ficar até dezembro"
Um comentário específico criticando o Departamento de Medicina da UFMA (Universidade Federal do Maranhão) foi amplamente compartilhado e teve repercussão em diversos blogs locais. Revoltado, o estudante de direito da Universidade Estácio de Sá do Rio de Janeiro, Klaus Aires, que reside em São Luís, divulgou a seguinte mensagem:
"Gustavo Zanelli - Advogado, residente em São Luís-MA ofendendo os Nordestinos. Deu um show de imundices mostrando sua total falta de conhecimento antropológico, histórico e geopolítico acerca da história do Brasil e dos feitos e da força do povo nordestino. Não sou nordestino, sou Carioca e este imundo não me representa. Ja fiz a denúncia na página de todas as OAB's do Nordeste, e semana que vem levo formalmente na sede da OAB-MA".
Em seu perfil, Gustavo Zanelli se diz natural de Cambé, no Paraná. A reportagem da TV Record entrou em contato no telefone disponibilizado no site do Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Uma pessoa, que atendeu a ligação e não quis se identificar, disse que o advogado não se encontrava no local. Minutos depois, Zanelli retornou a ligação e falou com a reportagem. Ele confirmou que o perfil é verdadeiro e disse que não se encontra mais no Maranhão. Questionado sobre a repercussão de suas postagens, o advogado desconversou.
Por telefone, a assessoria UFMA, que declarou que não vai se pronunciar sobre o assunto. Segundo assessoria da OAB/MA, o advogado não está inscrito na seccional. A Comissão de Direitos Humanos deve fazer levantamento para saber se houve atuação do advogado no Estado.
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