Não apenas os donos da Priples, mas também os investidores que estavam
no topo do esquema de pirâmide da empresa e que tenham influenciado
novos investidores sem adverti-los dos riscos poderão responder ao
inquérito que corre contra a empresa. Os casos serão analisados quando a
Justiça conceder a quebra de sigilo de dados da Priples, fornecendo os
nomes, montante investido e os lucros de cada participante. O site da
empresa deverá sair do ar ainda nesta segunda-feira (5).
"Se você traz a pessoa sabendo que aquele é um negócio de alto risco mas
você traz a pessoa sabendo disso mas a ilude de alguma forma, isso
configura estelionato", explica Guilherme Mesquita, delegado da Polícia
Civil que acompanhou o caso. Algumas pessoas que estavam no topo do
esquema chegaram a faturar R$ 600 mil com a entrada de novos membros.
Os detalhes do inquérito que apura o esquema da Priples foram
apresentados na manhã desta segunda, na sede da Polícia Civil de
Pernambuco, na Rua da Aurora, Boa Vista, Centro do Recife. No local
também foi apresentada a quantia em dólares e reais apreendida na
residência de Henrique Maciel Carmo de Lima, de 26 anos, e a sua esposa,
Mirele Pacheco de Freitas, 22, casal dono da empresa, ambos presos no
último sábado (3).
Além dos R$ 72 milhões bloqueados nas contas da empresa, três carros, um
quadricíclo e dois escritórios já identificados, a polícia ainda
investiga outros bens que estariam em nome de terceiros. Para saber o
patrimônio exato conquistado através do esquema, a polícia solicitou o
arresto e sequestro de imóveis, automóveis e aeronaves que possam
pertencer ao casal.
Quando os dados sobres os investidores forem disponibilizados, a polícia
espera poder ressarcir os membros prejudicados pelo investimento. Ainda
não é possível estimar o valor que será devolvido ou em quanto tempo
isso irá acontecer.
Henrique Maciel e Mirele Pacheco tiveram a prisão preventiva decretada
pela juíza Sandra Beltrão, que entendeu que, em liberdade, o casal
poderia atrapalhar o andamento das investigações. Os dois devem
responder por crime contra a economia popular, cuja pena varia de 6
meses a 5 anos, e crime contra a economia e relações de consumo, que
pode ir de 2 a 5 anos.
INVESTIGAÇÃO -
Segundo Carlos Couto, delegado do Ipsep que conduziu as investigações, a
atuação da empresa começou a ser acompanhada pela suspeita de
estelionato. Novos membros denunciaram que não havia nenhum escritório
no endereço apresentado no site da Priples, localizado em um empresarial
da Rua Barão de Souza Leão, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife. No
local, os policiais encontraram apenas salas vazias.
Com o andamento das investigações, foi identificada a prática de
pirâmide financeira, dando outro viés às investigações. Segundo o
delegado, 95% dos lucros da Priples vinham da adesão de novos membros e
os outros 5% por tráfico de rede do Google. A estimativa é que R$ 107
milhões já tenham sido movimentados na conta da empresa.
PRIPLES - Tendo
iniciado suas atividades no dia 1º de abril deste ano, a empresa conta
com cerca de 60 funcionários, segundo estimativa preliminar da polícia. A
primeira denúncia de um investidor aconteceu já no final de maio e, no
início de junho já haviam sido registradas 17 reclamações à Justiça por
falta de ativação do cadastro e irregularidade no pagamento.
Há uma semana a Priples contava com 209 mil investidores, estando a
maior parte em Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. A empresa
também é investigada pelo Ministério Público deste último estado. Os
responsáveis deverão pagar uma multa de R$ 500 mil por cada novo membro
filiado e R$ 1 milhão por dia que o site permanecer no ar.
Damião em foco
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