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O que eu ouvi de Dilma

 
Gostei do pronunciamento de Dilma. Ela encontrou uma brecha deixada pelos vândalos que mancharam um belíssimo movimento e se posicionou com certa altivez, passando carão quando o momento é do povo brasileiro fazê-lo em relação aos mandatários do poder. Porém, somente em se posicionar, já fugiu do negro destino de ser engolida pela mobilização nacional calada, sem conseguir proferir uma só palavra ou esboçar qualquer reação. Seu governo e, por conseqüência, seu projeto de reeleição é que estão em jogo e, neste caso, de serem engolidos. Mas, como disse, encontrou brecha pra se posicionar.
 E foi até “humilde”, evitando dizer em sua fala, por exemplo, que o protesto original pela redução das tarifas de ônibus ganhou força com a decisão do governo federal em desonerar impostos das empresas de transportes coletivos, forçando a diminuição dos valores cobrados atualmente. Inteligentemente, é provável que os marqueteiros da presidente Dilma tenham imaginado que agora é hora de tudo menos de elogiar a si mesmo. No pronunciamento, a presidente quase correu o risco de ser genérica, como tem sido, em alguns casos, a extensa e ampla pauta das manifestações. “Vamos aproveitar essa energia pra fazer as mudanças!”, disse Dilma. Ok. Mas quais?! Pra ela, segundo o pronunciamento, a criação de um Plano Nacional de Mobilidade, médico estrangeiro no interior do Brasil e 100% dos royalties para a educação.
Quanto à Copa, sou completamente a favor do que ela disse. Há um desvio da revolta. No geral, os que passaram a “demonizar” o evento, embalados pela onda de protestos, são os mesmos que lotam os estádios para ver Flamengo e Bangu jogarem um amistoso. Deixaram de ser contra o eventual superfaturamento para ficarem contra o evento, sobre o qual, até bem pouco tempo, era sinônimo de prosperidade econômica.
Ah, quase ia me esquecendo. Também sou a favor da contratação, com exame prévio da capacidade profissional, de médicos estrangeiros. Quem tem dor nos rins lá em Uiraúna quer ser atendido por um médico não por um conterrâneo. Claro que a tese de melhores salários e melhores estruturas no interior para o médico são metas a serem perseguidas, mas quem tem dor sofre hoje e não amanhã. E mais: Uiraúna, mesmo com bons salários e um bom hospital, será sempre Uiraúna, distante não sei quantos quilômetros dos grandes centros. E os médicos que se formaram com louvor nos grandes centros, por mérito, querem morar e desfrutar deles, porque estudaram pra isso.
No mais, Dilma deu o primeiro passo. Será preciso ser ainda mais específica em outras áreas se quiser retomar o controle do jogo. A tática de dividir as responsabilidades com governadores e prefeitos foi uma sacada genial. Dilma não quer ficar sozinha no Monte do Calvário. E ao se movimentar acha que pode até descer da cruz. 

Fonte: Blog de Luís Tôrres

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