O
ano eleitoral no Brasil deve dificultar a implementação de medidas
necessárias para o período de "aperto financeiro global", segundo
relatório do Banco Mundial com a previsões para 2014 divulgado nesta
terça-feira.
O
estudo diz que o "desafio de implementar políticas necessárias de curto
prazo para a estabilidade macroeconômica durante a transição a taxas
globais mais altas de juros" será mais difícil em países com eleições à
vista, como Brasil, Turquia, Índia, Africa do Sul e Tailândia.
As
moedas desses países estão entre as que mais sofreram no ano passado,
quando o Fed (BC dos EUA) indicou, a partir de maio, que diminuiria seus
estímulos de US$ 85 bilhões –ação que foi tomada no fim de 2013, quando
a compra de títulos foi reduzida a US$ 75 bilhões.
Entre
maio e agosto de 2013, o real, por exemplo, chegou a se desvalorizar
16% e foi a moeda que mais perdeu em relação ao dólar.
A
redução da política de estímulos do Fed agora obriga mudanças nas
políticas econômicas dos países emergentes, diz o Banco Mundial.
"A
recuperação dos países de maior renda é bem-vinda, mas traz alguns
riscos. Se as taxas de juros [nos países ricos] subirem muito
rapidamente, o fluxo de capitais para os países emergentes pode cair 50%
ou mais por vários meses, potencialmente provocando crises nos países
mais vulneráveis", escreveu Andrew Burns, principal autor do estudo.
O
relatório diz que no Brasil, apesar do aumento da taxa de juros, os
empréstimos liderados por "bancos estatais continuam fortes, ampliando
as vulnerabilidades".
O
texto cita diretamente o Brasil em trecho sobre "complacência política,
que vai exigir ajustes maiores depois" e "um custo econômico maior
devido ao maior escrutínio das condições domésticas pelos mercados
financeiros".
Entre
os emergentes, o menor fluxo de dólares criados pelo banco central
americano pode aumentar os custos de financiamento e ameaçar
investimentos e aumentar os custos do serviço da dívida nos emergentes.
Sobre
o câmbio, sua utilidade como "primeira linha de defesa" foi limitada
"pelo risco de que o aumento no custo das importações afetaria a
inflação, em países como Brasil, Índia e Indonésia".
AVANÇO MODESTO
As
previsões do Banco Mundial colocam o Brasil mais próximo do crescimento
modesto do PIB dos países mais ricos, que saíram recentemente da
recessão, do que dos países emergentes.
O
Brasil deve crescer, segundo o estudo, 2,4% neste ano e 2,7% no ano que
vem. Para 2013, estima alta de 2,2%, mais do que analistas consultados
em relatório semanal do BC (2%).
Menos
que os EUA, que devem crescer 2,8% e 2,9%, neste ano e no próximo. A
boa notícia é que a China continuará com crescimento forte, de 7,7%
neste ano e 7,5% em 2015.
editoria de arte/folhapress | ||
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