Paraíba terá maior laboratório do Brasil para geração de energia solar
A partir de 2011, ano da criação do Centro de Energias Alternativas e
Renováveis (a partir da junção do LES com o Departamento de Engenharia
Elétrica do CT), o LES recebeu uma verba federal de R$ 7 milhões, sendo
de R$ 4,2 mi em construção civil, R$ 1,8 mi em equipamentos, e R$ 1 mi
na construção do maior laboratório a céu aberto do Brasil em energias
solar fotovoltaica. Esse laboratório será a cobertura das edificações do
CEAR e tem a perspectiva de gerar 300 KWH através da conversão da
energia solar em energia elétrica.
O pesquisador Zaqueu Ernesto lembra que, em 40 anos, o LES passou por
situações financeiras críticas, principalmente na década de 80 e 90.
“Nas décadas de 80 e 90, o País não investiu nas pesquisas e no
desenvolvimento das energias renováveis. O LES passou por esse período
crítico, onde sobreviveu através de recursos orçamentários de custeios
da UFPB para sua manutenção e de esforços individuais dos pesquisadores
juntos às agências de fomentos, onde os recursos eram oriundos do
orçamento da UFPB e do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPQ) e
Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).
Para o professor Rogério Kluppel, apesar da melhoria na última
década, os incentivos do Governo Federal sempre foram insuficientes. “O
governo brasileiro sempre investiu muito pouco em projetos de energia
solar. Na maioria das vezes, foi o esforço pessoal de cada professor, se
especializando no exterior, que fez com que avançássemos nas
pesquisas”, disse. O laboratório não tem verbas o suficiente para
pesquisas e construção de protótipos, por exemplo. Pior: a
interiorização dos estudos (principalmente no Cariri e no Sertão) é
inviabilizada pela falta de estímulo federal. Traduzindo: falta dinheiro
para o processo de interiorização, embora Cariri e Sertão da Paraíba
registrem as maiores incidências de luz solar do País e temperaturas
altíssimas. O professor Rogério Kluppel, da UFPB, conta que um
laboratório chegou a ser montado em Olivedos, no Sertão, mas faltou
verbas para a manutenção.
Foram quatro décadas jogadas fora? Não. Claro que não. E temos sim
muito o que comemorar na área de pesquisas sobre energia solar. Projetos
desenvolvidos na Paraíba tornaram-se sucesso em outras regiões do País,
principalmente nas regiões Sudeste e Sul. Kluppel lembra que um dos
principais projetos desenvolvidos nas ultimas quatro décadas pelo LES
foi o sistema de aquecedores de água solar, que foi estudado
inicialmente na década de 70 na Paraíba e deu tão certo que foi
espalhado pelo Brasil.
Ele explica que o aquecedor solar não deslanchou no Estado, apesar de
ter sido inicialmente estudado e aprimorado aqui, porque a necessidade
era maior em outras regiões do Brasil, mais frias. “O aquecedor se
popularizou depois de 20 anos e é fabricado em todo o País. Hoje, já
começa a ser utilizado na Paraíba. Temos até uma fabrica de aquecedores
em João Pessoa, para ser usado em chuveiro, banheira, lavatório, cozinha
e etc”, frisou. Segundo o professor o aquecedor solar começou a ser
mais utilizado no Estado depois que a energia elétrica ficou mais cara,
logo depois do apagão de 2001.
Ar-condicionado
Imagine uma fonte de energia solar que promove calor e aquecimento
sendo utilizada para produzir frio. Está é uma realidade para os
professores e pesquisadores do Centro de Energias Renováveis (CEAR) da
UFPB. Há uma década eles vêm trabalhando num projeto para criação de um
ar condicionado solar. De acordo com o professor pesquisador CEAR,
Rogério Pinheiro Kluppel, a elaboração do equipamento é possível,
entretanto é necessário avançar nas pesquisas de campo, para que o
aparelho seja aprimorado e possa ser vendido no mercado. “Trabalhamos
neste projeto há dez anos, interrompemos os testes, logo depois que
começou a reforma do centro, entretanto pretendemos retornar o protótipo
assim que as obras forem concluídas”, disse o professor.
O sistema que também é conhecido como ar-condicionado dessecante,
consiste no condicionamento de ar onde a redução da temperatura e
controle do ar da umidade, que é secada com energia solar e logo depois
revertida em massa fria. “No caso da instalação de um equipamento deste
pode gerar uma economia de até 40% nas contas de energia, além disso,
devo lembra que a região nordeste do Brasil é a melhor para se utilizar
energia solar, devido ao clima quente de poucas chuvas”, frisou o
professor.
De acordo com o acadêmico a base do equipamento é a secagem solar e
reumidificação do ar que é controlado através de coletor solar.
“Necessitamos de mais pesquisas para viabilização deste projeto, estamos
dez anos trabalhando nisso, temos varias teses de doutorado nesta área,
entretanto as pesquisas estão paradas devido à reforma do prédio,
também tivemos problemas como um das partes que foi mal projetado e
agora estamos construindo outro protótipo”, explicou o professor.
Conversão
As pesquisas de transformação de energia solar em energia elétrica no
LES só começam a ser exploradas agora, com a criação do Cear, onde os
estudantes de Engenharia Elétrica deram o pontapé nas primeiras
pesquisas. O professor Zaqueu Ernesto explica que atualmente existem
duas tecnologias de conversão de energia solar em energia elétrica: a
conversão térmica e a fotovoltaica. No entanto, ambas não foram muito
aprofundadas nem na Paraíba nem no âmbito nacional.
“O LES realizou pesquisas no parte de coletores por concentração e em
superfícies seletivas que servem para captação da energia solar para
produção de vapor, que é utilizado nas usinas termossolares. Mas, na
conversão fotovoltaica, formamos pessoas que, posteriormente, foram
trabalhar no exterior. Não só o LES, mas em todo o Brasil, as pesquisas
em fotocélulas são ainda incipientes”, argumentou.
O professor ainda esclarece que a conversão térmica é bem mais
simples que a fotovoltaica, por isso ainda não houve viabilização do uso
da nossa energia solar em eletrodomésticos, eletroeletrônicos e
automóveis. “A energia solar é viável tecnicamente e economicamente para
conversão térmica, ou seja, para aquecimento em diversos setores da
economia. A conversão fotovoltaica, que é a conversão direta da energia
solar em eletricidade, é modular e depende bastante da distância entre a
rede convencional, da tecnologia e da aplicação”, explicou.
Mais econômica
Em João Pessoa algumas empresas resolveram aderir ao uso de energia
solar, o Ambassador Flat, localizado na beira mar do Cabo Branco,
utiliza a tecnologia há dez anos. Segundo José Inácio Pereira, diretor
do Flat, eles resolveram utilizar este tipo de tecnologia porque além de
gerar economia é um método ecologicamente correto. “Nosso sistema de
água quente com energia solar, existe a uma década e funciona da
seguinte forma: Sistema aquece a água em três tanques térmicos que
acumula o liquido para ser utilizado durante o dia e noite, além disso,
quando temos longos períodos chuvosos usamos o aquecedor a gás , que é
uma opção para economizar energia”, disse o diretor.
No outro extremo, no interior do Estado, os projetos envolvendo
energia solar não foram muito adiante, apesar de cidades do Cariri e
Sertão terem altos índices de luminosidade e temperaturas elevadas. “O
LES desenvolveu tecnologias que podiam ser aplicadas nessas áreas como,
por exemplo, na cidade de Olivedo, onde foi feito um grande projeto de
dessalinização de água. Mas a missão do LES foi apenas desenvolver a
tecnologia e repassar para a sociedade. No entanto, projetos dessa
natureza precisam de apoio político dos Governos Federais e Estaduais,
pois envolvem recursos importantes para se tornar realidade. O LES tem a
tecnologia e o conhecimento, mas precisamos de parceiros para levar
esses benefícios para as regiões que tenham potenciais de utilizações
dessa tecnologia”, revelou o professor Zaqueu Ernesto.
Portal correio
Nenhum comentário: