Destruição do habitat contribui para ataques de tubarões em Pernambuco, dizem especialistas
Bruna da Silva Gobbi, de 18 anos, foi última vítima e morreu após ataque na praia de Boa Viagem
Bruna da Silva Gobbi, de 18 anos, morreu após ataque de tubarão na praia de Boa Viagem
Montagem/R7
A morte de Bruna foi a 24ª e motivou a recomendação do Ministério Público Estadual de interditar praias com risco de ataques até a instalação de redes de proteção para os banhistas.
Segundo a presidenta do Cemit (Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões), Rosângela Lessa, o desenvolvimento da região contribuiu para a aproximação dos tubarões das praias. Com a construção do Porto de Suape, no início dos anos 90, rios foram desviados e arrecifes implodidos. Uma das espécies de tubarão foi diretamente afetada pela alteração de seu habitat.
— O tubarão cabeça-chata guarda uma grande fidelidade ambiental e usa a área em todos os ciclos de vida. Ele encontrava uma barreira de salinidade e agora não encontra mais. Então, ele continua procurando seus espaços.
Ela também explica que os tubarões capturados são levados para outras áreas para serem estudados.
— Capturamos os tubarões, levamos a uma distância de 20 milhas, marcamos e os soltamos. Assim, o comportamento deles é estudado. Esse monitoramento retira os tubarões da área.
Rosângela, que também trabalha com dinâmica de populações de tubarões e arraias na UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco), ressalta a importância dos banhistas tomarem os cuidados necessários. São 44 pares de placas colocadas ao longo da área de risco. As placas orientam os frequentadores a evitar o banho em áreas de mar aberto, durante a maré alta, e em áreas profundas, com água acima da cintura.
O oceanógrafo e professor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), Mário Barletta, também reforça que a poluição interferiu no comportamento dos animais.
— Quando ocorre a vazão dos rios, os peixes saem para a região costeira e, nesse momento, os tubarões chegam para procriar. Com a poluição dos estuários [local de encontro entre o rio e o mar], essas espécies de peixes desapareceram. A única coisa que aumentou foi a oferta de turista na praia.
Monitoramento de tubarões estava parado há sete meses na costa do Recife (PE)
Ele lembra que a área é naturalmente povoada por tubarões, e banhistas e surfistas são, muitas vezes, confundidos com peixes e tartarugas, um alimento natural deles. O professor destacou ainda os cuidados que os banhistas devem ter.
— O tubarão está ali, é um ambiente natural deles. Se passar dos arrecifes, a probabilidade de levar uma mordida, ser atacado, é grande.
Fonte:R7
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